ATA DA TRIGÉSIMA SEXTA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM 30-4-2009.

 


Aos trinta dias do mês de abril do ano de dois mil e nove, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas, foi realizada a chamada, respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Airto Ferronato, Aldacir José Oliboni, Bernardino Vendruscolo, Dr. Raul, Fernanda Melchionna, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, Paulinho Ruben Berta, Pedro Ruas, Sofia Cavedon e Toni Proença. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Alceu Brasinha, Dr. Thiago Duarte, Elias Vidal, João Carlos Nedel, João Pancinha, Luiz Braz, Marcello Chiodo, Mauro Pinheiro, Nelcir Tessaro, Nilo Santos, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo, Tarciso Flecha Negra e Valter Nagelstein. Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nos 001/09, do Vereador Cláudio Hansen, Presidente da Câmara Municipal de Estância Velha – RS –; 015/09, do Vereador Éderson Machado dos Santos, Presidente da Câmara Municipal de Viamão – RS –; Ofício s/nº, do Senhor Antonio Cesa Longo, Presidente da Associação Gaúcha dos Supermercados – AGAS. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Juliano Carriconde Fripp, Presidente da Associação Feira Rua da Praia – ASFERAP –, que se pronunciou acerca do Centro Popular de Compras de Porto Alegre. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Pedro Ruas, Airto Ferronato, Toni Proença, João Antonio Dib, Luiz Braz, Tarciso Flecha Negra, Mauro Pinheiro, Reginaldo Pujol e Dr. Raul manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os Vereadores Pedro Ruas, Airto Ferronato, Sofia Cavedon e Luiz Braz. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pela oposição, pronunciou-se o Vereador Aldacir José Oliboni. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os Vereadores Haroldo de Souza e Reginaldo Pujol. Em continuidade, as Vereadoras Fernanda Melchionna e Sofia Cavedon e os Vereadores João Antonio Dib e Haroldo de Souza manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Ainda, o Senhor Presidente informou que reivindicações relativas ao assunto tratado durante a Tribuna Popular seriam analisadas na reunião da Mesa Diretora com o Colégio de Líderes no dia quatro de maio do corrente. Às quinze horas e trinta e seis minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e quarenta minutos, constatada a existência de quórum. Após, o Senhor Presidente informou que, por meio de contato telefônico com a Prefeitura Municipal, foi acordada a suspensão das notificações por falta de pagamento dos aluguéis por comerciantes do Centro Popular de Compras, tendo-se manifestado sobre o assunto a Vereadora Sofia Cavedon. Às quinze horas e quarenta e cinco minutos, constatada a inexistência de quórum, em verificação solicitada pelo Vereador Haroldo de Souza, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Sebastião Melo, Adeli Sell e Toni Proença e secretariados pelo Vereador Nelcir Tessaro. Do que eu, Nelcir Tessaro, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

O Sr. Juliano Carriconde Fripp, Presidente da Associação Feira Rua da Praia, Asferap, está com a palavra, para tratar do assunto Camelódromo, pelo tempo regimental de 10 minutos.

 

O SR. JULIANO CARRICONDE FRIPP: Boa-tarde, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero dizer que estou sendo identificado aqui como o presidente da Associação Feira Rua da Praia, em função de o comitê gestor, que era para ter sido instalado no Camelódromo, ainda não ter sido formalizado em função de a Secretaria Municipal de Indústria e Comércio não ter, ainda, identificado o nome da pessoa que vai fazer parte desse comitê gestor. Por isso a gente se inscreveu aqui como Associação Feira Rua da Praia.

Eu quero me reportar ao ano de 2005, quando viemos a esta Câmara - que infelizmente hoje não está com a totalidade dos seus Vereadores - e estava com as suas galerias lotadas, como hoje, para reclamar e dizer aos Vereadores que o Projeto do Camelódromo, que estava sendo implantado em Porto Alegre, vindo de Belo Horizonte, não nos servia. Aqui todo mundo lembra que a ideia de se fazer um camelódromo vertical não foi aceita por nós, que manifestamos, aqui, a nossa contrariedade. Então, logo após, em função, inclusive, de os Vereadores terem ficado do nosso lado, do lado dos camelôs de Porto Alegre, foi dada a ideia de um camelódromo horizontal na Av. Rui Barbosa. E logo após essa ideia inicial, a gente começou a apoiar, porque existia uma grande ânsia - não do Governo que estava instalado na época, e, sim, de governos anteriores - de tirar os camelôs das ruas. Então, diante de toda aquela manifestação contrária à nossa permanência na rua, resolvemos apoiar esse projeto que seria o mais digno possível. Só que esse projeto, que nos sensibilizou, e também aos Vereadores da época - e que, com certeza, sensibilizaria os Vereadores deste último mandato -, no decorrer do Projeto, da sua construção, ele foi se desviando, foi mudando. Inclusive, logo após a Lei que foi aprovada aqui, foi feito um Decreto que modificou alguns itens da Lei que foi aprovada. Eu cito algumas modificações que foram alvo de nosso protesto em 2008: dizia no Projeto - e está aqui no caderno de prestação de contas da Prefeitura 2005/2006 - que o sorteio seria universal; não houve. Que as bancas seriam de quatro metros quadrados; não são. Hoje a maioria das bancas, Srs. Vereadores, são de três metros quadrados, um cubículo onde as pessoas mal podem se movimentar lá dentro, imaginem atender a seus clientes. Isso passou; fomos obrigados a assinar um contrato e entrar lá para dentro do Camelódromo nessas condições. Também, na época, dizia o Secretário que, no terminal de ônibus, embaixo do camelódromo, passariam 150 mil pessoas, que elas seriam obrigadas a passar pelo Camelódromo – elas desceriam dos terminais e subiriam pelo Camelódromo. Então, era um público muito grande, quase igual ao que a gente tinha na rua – e isso também não aconteceu. Então, vendo esses problemas todos que estão acontecendo dentro do Camelódromo, voltamos à Casa do Povo, a Casa onde foi aprovado o Projeto. Vários autores desse Projeto estão aqui sentados. E digo para os “pais” desse Projeto que o Camelódromo não está dando certo. São 800 pessoas dentro de um espaço... Vou ser bem extremista: 20% de pessoas estão em corredores privilegiados, estão bem; os outros 80% estão passando fome no Camelódromo, Vereadores! (Palmas.) E isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a mídia não quer mostrar, a verdade do Camelódromo. Secretários e alguns Vereadores não querem que isso apareça na mídia; Secretários e alguns Vereadores não querem que a gente se manifeste contrariamente ao Camelódromo porque pode arranhar a lisura desse Projeto. Mas como não vamos nos manifestar se estamos lá dentro sem conseguir pagar os aluguéis? E há um absurdo, Ver. Haroldo, em seis semanas, se tu não pagares, tu perdes teu espaço. E aí, vamos fazer o quê? As pessoas vão perder seu espaço e vão para a rua? Não! É proibido! (Palmas.) É proibido ir para a rua, esta é uma Lei que proíbe! E o Decreto-Lei que veio logo após a Lei, modificou isso, porque, na Lei, dizia que, com três meses em atraso, os espaços seriam perdidos; e entrou um Decreto dizendo que em seis semanas se perderia o espaço. Ver. Vendruscolo, eu me lembro muito bem quando o senhor esteve do nosso lado, inclusive sugerindo uma emenda, dando carência de um ano para os camelôs, uma ideia genial que, na época, não foi aprovada.

Então, a gente vem justamente para fazer esse pedido aos Vereadores e aos pais desse Projeto. Nós estamos passando necessidade dentro do Camelódromo, nós estamos quebrando dentro do Camelódromo. E quero dizer que há uma semana veio notificação da SMIC dizendo que, em cinco dias, 26 pessoas perderiam seus espaços, porque estavam com o aluguel atrasado. A gente foi até a Defensoria Pública e lá tivemos guarida. A Defensoria Pública disse: tranca essas notificações, elas não têm valor nenhum; durante 20 dias a SMIC não pode mais notificar as pessoas que estão lá dentro. Está lá uma notificação. Então, a gente está tendo apoio dos defensores públicos também, porque eles estão enxergando que nós vamos acabar perdendo aqueles espaços que foram construídos para camelôs, e não para lojistas. Foi dito por algum Secretário, com muita tranquilidade, Sr. Presidente, que 30% dos camelôs não iriam aguentar dentro do Camelódromo, que iriam para a rua, que não teriam condições de pagar. Então, eles estavam prevendo que metade dos camelôs iriam quebrar. Isso foi um Projeto que eles implantaram, sabiam e não fizeram nada para nos ajudar. E, se nós não estivéssemos à frente desse processo com todo esse pessoal que está ajudando a unidade do Camelódromo, já teriam saído muito mais de cem bancas lá de dentro.

Vou entregar um documento, pedindo aos Srs. Vereadores que analisem com muito carinho e levem em consideração que os preços que estão sendo cobrados dentro do Camelódromo são muito grandes, muito altos para nós pagarmos. Antes, não pagávamos nada nas ruas. Agora, somos obrigados a pagar e não estamos aguentando. Pedimos a diminuição do valor cobrado pelo aluguel. Nós pedimos, Sr. Presidente, o prazo de um ano de carência, e que esse ano de carência seja subsidiado pelo estacionamento que será inaugurado daqui a poucos dias. Isso é nosso! Foi construído dentro do Camelódromo, é para camelô, é um espaço público que pode subsidiar e manter essas pessoas dentro do Camelódromo. Nós pedimos, Sr. Presidente, que a SMIC e alguns Sindicatos parem de entrar lá dentro e fazer terrorismo. Eles estão aterrorizando e cobrando também. (Palmas.)

A Prefeitura não está sendo sensível, porque está exigindo o pagamento do Alvará em cinco dias; caso contrário, fecha a banca. Que sensibilidade é essa, pessoal? Nós não temos como pagar os aluguéis e mais o pagamento de taxa sindical, Ver. Oliboni, e mais o Alvará que está sendo exigido. Isso não é ser sensível; isso é tocar os camelôs para fora do Camelódromo. E não é isso que vocês querem, não é isso que o Prefeito quer, não é isso que a população quer. A população acreditou num projeto que daria certo para os Vereadores, para os camelôs, para a população de Porto Alegre e para todo mundo que se beneficiasse desse espaço. E não é isso que está acontecendo. Precisamos dos Vereadores, precisamos muito que convençam o Prefeito e os Secretários que esse projeto não está dando certo da maneira como está sendo levado. Nós precisamos da ajuda de vocês, precisamos que vocês lembrem quando votaram esse Projeto e acreditaram que iria dar certo, porque é uma população carente que precisa de vocês, precisa do trabalho e tem que ter dignidade no trabalho, porque formalmente nós não vamos conseguir mais trabalho. Precisamos de vocês! (Palmas.)

E, para terminar, Sr. Presidente, eu quero pedir socorro ao Presidente da Câmara e socorro aos Vereadores. Nós estamos morrendo! (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Convidamos o Juliano a fazer parte da Mesa dos trabalhos. Vamos dar continuidade aos trabalhos nesta tarde, e gostaria de explicar o procedimento da Tribuna Popular. Como é de praxe, na Tribuna Popular, pelo art. 100 da Lei Orgânica do Município, a entidade que solicita o uso da Tribuna tem 10 minutos sem interrupção, podendo falar todo o conteúdo, como foi feito pelo Presidente da Associação, Juliano Fripp. Neste momento, estão abertos dois minutos para cada uma das Bancadas poderem se manifestar. Como já disse ao Presidente Juliano Fripp, nós vamos aceitar, de bom grado, esse documento; e eu já vou determinar que a Diretoria Legislativa faça um apanhado das notas taquigráficas, e que isso seja enviado para o Sr. Prefeito Municipal, porque a tarefa da Câmara Municipal, como Casa do Povo, é de ouvir todas as instituições e levar adiante as demandas, e é assim que será o procedimento. (Palmas.)

O Ver. Pedro Ruas está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. PEDRO RUAS: Presidente, Adeli Sell; Presidente Juliano Fripp, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, amigas e amigos que nos dão a honra de estarem na plateia no dia de hoje, nós estivemos - eu e a Verª Fernanda Melchionna, do PSOL, mais ela do que eu - algumas vezes, conversando no próprio Camelódromo, e, muitas vezes, antes da existência dele. E o que verificamos lá - inclusive na última visita, Presidente Juliano, o senhor estava lá, assim como o Vicente, nos ciceroneando - é a vivência de uma realidade brutal por parte dessas mulheres e desses homens que lá trabalham, porque eles têm ali uma restrição que é quase de caráter absoluto, se não for de caráter absoluto. Ou seja, eles só podem atuar ali. E por deficiências da implantação desse Projeto, um grande setor dos chamados camelôs fica sem ter contato com o público, porque o público não tem como acessá-los facilmente, apenas consegue acessar parte dos camelôs, calculado aqui em cerca de 20%, e, portanto, 80% não conseguem ter ali a circulação de pessoas necessárias à sua sobrevivência, mesmo que não existisse o aluguel e o condomínio - esse foi o depoimento que nos deram vários e vários camelôs. (Palmas.)

A condição do PSOL, minha e da Verª Fernanda Melchionna, nesta Casa, é de apoio a toda e qualquer iniciativa, Presidente Juliano, que interrompa, que suspenda o pagamento de aluguéis e condomínios, toda e qualquer medida. (Palmas.) Nós temos consciência de que grande parte da população, grande parte da nossa população - isso é um fenômeno mundial, não é apenas Porto Alegre - somente tem acesso a determinados bens de consumo em função da atividade do camelô.

Sr. Presidente, eu gostaria de falar em tempo de Liderança.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Eu vou passar a palavra para aqueles Vereadores que solicitaram a Liderança partidária, pelo tempo de cinco minutos, sem interrupções, e cada Partido que não usar a Liderança tem os dois minutos, conforme eu anunciei há pouco.

O Ver. Pedro Ruas está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. PEDRO RUAS: O que nós sabemos é que essa atividade faz diferença. E não é apenas - e já seria muito, já seria suficiente para o posicionamento desta Casa e de cada um de nós, individualmente - sobre a vida individual e familiar dos camelôs que nós estamos tratando. Nós estamos tratando, na verdade, de um conceito de capitalismo excludente, mas que criou, na figura do camelô, uma possibilidade de que aquela população, da mais baixa renda, tivesse acesso a certos produtos, que ela só tem com a atividade do camelô. E é mais do que natural que a comunidade, quando se dirige ao Camelódromo, compre - mesmo que todos se esforcem, todos investiram nas bancas - nos primeiros, naqueles que atenderem a sua necessidade, sem a possibilidade dos outros oferecerem também os seus produtos; e isso é muito cruel! Por quê? Porque dali sai o sustento dessas pessoas. A sociedade, de alguma maneira, é atendida por aqueles 20% aos quais ela tem acesso, quando chega pelas entradas possíveis do Camelódromo, mas nós sabemos que aqueles outros 80% - boa parte está aqui - não terão a possibilidade de garantir a sua sobrevivência digna, correta, dentro dos parâmetros legais e do espaço a eles destinado.

Então nós temos, no conjunto, cada um de nós, Vereadores e Vereadoras desta Casa, representantes do povo de Porto Alegre, o compromisso de olhar essas duas pontas: de um lado o interesse total da sociedade, e a maior parte da população precisa, sim, do trabalho de cada camelô; e do outro lado, o interesse do próprio trabalhador, do camelô, do homem, da mulher que fazem daquilo, de uma forma sacrificada, dura, mas extremamente digna, a forma da sua sobrevivência. (Palmas.)

Por isso, nós afirmamos o nosso compromisso, eu e a Verª Fernanda Melchionna. Sabemos que outros Vereadores e outras Bancadas também têm esse compromisso, sabem que a população precisa do trabalho de vocês, sabem que vocês precisam desse trabalho, sabem que isso nada mais é do que fazer um mínimo de justiça.

Por isso, a situação que traz vocês hoje a esta Casa, na Tribuna Popular, nos sensibiliza muito, nos faz manifestar, Presidente Juliano, nos faz apoiar medidas, projetos que tramitem nesta Casa com o objetivo de diminuir, suspender ou até isentar esses pagamentos de condomínio e aluguel; faz-nos estabelecer formas de contato permanente de verificação, diuturnamente, das condições exatas em que esse trabalho está sendo desenvolvido; faz-nos não acreditar nessas denúncias oportunistas de mídia com relação à venda disso, à venda daquilo, tentando explorar na notícia a dor e o sofrimento daqueles que só têm aquela maneira de sobreviver. (Palmas.)

Por isso, amigas e amigos, Sr. Presidente Juliano, Presidente-Vereador, Adeli Sell; Vereadoras e Vereadores, a conclusão do Partido Socialismo e Liberdade, da Verª Fernanda Melchionna e deste Vereador, é de que queremos, neste espaço de tribuna, colocar de forma ampla e geral, como já fizemos individualmente muitas vezes fora do Camelódromo e muitas vezes dentro do Camelódromo, o nosso compromisso. Nós somos parceiros de cada um de vocês. Nós defendemos exatamente aquilo que vocês, por necessidade e por consciência, defendem também: o acesso da população mais carente de Porto Alegre a bens importantes na sua vida, na sua qualidade de vida e, ao lado disso, e de extrema importância, a condição digna de trabalho para homens e mulheres que acreditaram em promessas sérias do Poder Público, mas que querem ver, na prática, no dia a dia, na vida real, esses compromissos serem cumpridos. Contem conosco! (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. Airto Ferronato está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento, e para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Meu caro Presidente, Ver. Adeli; nosso convidado aqui presente, Presidente Juliano; senhoras e senhores aqui presentes, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu tenho dito que faz mais de três anos que venho estudando, na Fundação Getúlio Vargas, a questão da micro e da pequena empresa. Nesse meu estudo, estou há quase dois anos lendo e escrevendo sobre a micro e a pequena empresa no Brasil. São 750 mil as pequenas e microempresas que nascem no País, e aproximadamente 600 mil micro e pequenas empresas morrem, por ano, neste País. A média cientificamente estudada, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, de empregabilidade desses pequenos estabelecimentos gira em torno de três. Ora, se morrem 600 mil micro e pequenas empresas num ano, isso significa que nós, brasileiros, estamos jogando fora, na lata do lixo, mais de um milhão e meio de empregos por ano! A partir desse estudo que estou realizando tenho também pensado na questão, obviamente, “Porto Alegre”, e o primeiro exemplo é o camelô, pequeníssimo estabelecimento que gera economia e renda para a nossa Cidade. Aliás, mais de 50% da economia do País depende desses pequenos negócios. O país não se desenvolve... Não é debaixo de cada quilo de arroz que sai uma empresa grande.

Vamos fazer outra análise: quando a General Motors chegou ao País, cantada em verso e prosa - e eu não sou contra -, gastaram-se 290 milhões de reais de dinheiro público, para que eles viessem para cá. Instalou-se água, luz, telefone, estrada, rodovia para gerar quantos empregos? Duzentos e noventa milhões de reais!

Com a crise financeira que se instalou lá nos Estados Unidos, o Governo brasileiro colocou para os megaempreendimentos - a maioria lá da Europa e dos Estados Unidos - bilhões e bilhões de dólares e de reais, com uma rapidez extraordinária.

Agora vem a minha pergunta: o que o Governo Federal fez e está fazendo? O que o Governo Estadual está fazendo? O que o Governo Municipal está fazendo para o pequeníssimo estabelecimento que se levou para o Camelódromo? Nada. Quando uma megaempresa bilionária do Exterior vem para cá - e eu não estou dizendo que é ruim -, todo mundo sai a aprovar bilhões e bilhões de reais para ela se instalar. Deram a vocês um mês de aluguel? Não. Assim é a realidade da micro, pequena e da pequeníssima organização, que leva o desenvolvimento a uma cidade. Porto Alegre não pode sonhar em trazer para cá uma empresa, amanhã, com bilhões de dólares. Nós precisamos acreditar e apostar no pequeníssimo empreendedor, porque é a partir dele que a economia deste País cresce.

Senhoras e senhores, eu estou estudando isso há mais de três anos. Não há, na história deste País, preocupação com as senhoras e com os senhores ou com qualquer estabelecimento deste pequeníssimo porte, porque é muito pequeno. Não há nenhuma preocupação de salvaguardar o emprego, a renda e outras questões da economia de Porto Alegre, por exemplo.

Aqui nós estamos tratando da pequena empresa, da microempresa, do pequeno camelô, mas estamos tratando da economia do Município de Porto Alegre, das finanças do Município de Porto Alegre, e o Município de Porto Alegre crescerá, sim, se desenvolverá com grandes empreendimentos, mas, principalmente, com pequenas ações que se fazem nesta Cidade. Então a questão está neste sentido: nós, a Câmara, precisamos apoiar mecanismos que atendam aos pedidos do não-pagamento desse aluguel, o que é o mínimo, que é zero! Eu tenho certeza de que, se aqui estivesse uma milionária empresa com dificuldades, o Governo Federal teria trazido para cá bilhões; o Governo Municipal, bilhões; o Governo Estadual também, mas são as senhoras e os senhores, pequeníssimas organizações. Tem que mudar a lógica! Este País não vai crescer se nós não apoiarmos iniciativas como as de vocês! É por isso que estamos aqui trazendo apoio à proposta, estamos ao lado de vocês (Palmas.), porque dessa matéria eu entendo! E acredito que é preciso fazer uma reunião urgente de vocês com a Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e do Mercosul, da qual sou Presidente. Vamos tratar do tema e vamos estar juntos. O Governo Municipal precisa atender aos anseios das senhoras e dos senhores. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. Toni Proença está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. TONI PROENÇA: Sr. Presidente, Ver. Adeli Sell; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, senhores comerciantes do Centro Popular de Compras, antes de vir a esta tribuna, em nome do meu Partido, da minha Bancada - da qual fazem parte o Ver. Elias Vidal e o Ver. Paulinho Ruben Berta -, conversei muito com eles. Conversei com o Juliano Fripp, o qual cumprimento pelo seu pronunciamento na tribuna hoje. Conversei com o Líder do Governo, o Ver. Valter Nagelstein; conversei com o Ver. Airto Ferronato, que me antecedeu aqui, e acho que estamos diante de um impasse que só será resolvido se houver uma reunião com a comissão de comerciantes, com o Governo Municipal, Câmara de Vereadores, por intermédio da Comissão de Finanças, presidida pelo Ver. Airto Ferronato, e o empreendedor do Centro Popular de Compras, para buscarem uma alternativa que viabilize o empreendimento que é de toda a Cidade. É um empreendimento no qual a Cidade apostou muito, os senhores apostaram muito, porque levaram para dentro do Centro de Compras os seus negócios, a sua trajetória de vida como comerciantes de rua, há um ano.

Nós não podemos jogar esse Projeto no lixo. Acho que se houver diálogo entre os comerciantes, os empreendedores, a Prefeitura, a Comissão de Finanças - e quem mais puder ajudar a viabilizar esse Projeto - nós estaremos no caminho certo.

Pedi que o Ver. Valter Nagelstein possibilitasse uma mesa-redonda com todos que pudessem sentar e viabilizar esse Projeto. Nós estamos vivendo um momento de crise mundial e temos que tentar encontrar soluções para aqueles que buscam construir com o seu trabalho a renda e a dignidade para eles e para as suas famílias.

É um bom Projeto, há algumas correções que precisam ser feitas; talvez a isenção do pagamento por um tempo, para a capacitação dos senhores, que tinham um tipo de comércio na rua, e hoje têm outra atividade no Centro Popular de Compras. É preciso disponibilizar microcrédito, tem à disposição na caixa de fomento, há outros mecanismos de crédito. É preciso juntar todos esses esforços para viabilizar o Centro Popular de Compras, e, viabilizando o Centro Popular de Compras, viabilizar o negócio de vocês, para que vocês tenham, no negócio de vocês, a possibilidade do sustento das suas famílias e da dignidade de trabalho de todos que lá operam. Contem conosco, e vamos em frente.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Solicito ao o Ver. Toni Proença que continue a direção dos trabalhos.

Aviso que o Presidente Sebastião Melo chega em alguns minutos. No momento, estamos com alguma atividade interna; então solicito que o Ver. Toni Proença dê continuidade à nossa agenda.

 

(O Ver. Toni Proença assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): A Verª Sofia Cavedon está com a palavra para uma Comunicação de Líder. (Palmas.)

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, Toni Proença; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, queridas e queridos camelôs, eu me emocionei com a fala de vocês e com o grito de socorro, porque essa história nós estamos acompanhando e sabemos - quem está pertinho dos camelôs sabe - do drama do dia a dia, da sobrevivência, o quanto herois e heroínas vocês são na luta pela sobrevivência. E camelô só funciona, Ver. Valter, onde o povo está. (Palmas.) Camelô funciona - e eu estou aprendendo isso com vocês - onde está o povo! Então, Ver. Toni, eu acho que a primeira divergência minha é que essa obra não está certa; está errada, a escolha foi errada! (Palmas.) Quando surgiu a proposta de construir lá, nós questionamos: por que um “elefante branco” no meio do Centro de Porto Alegre, colocando vocês em cima da circulação dos ônibus, tirando do chão? Não é bom nem esteticamente, nem funcionalmente, nem houve qualquer compreensão do que é a atividade dos camelôs.

Nós denunciamos juntos, no Ministério Público, que a obra começou sem licença de instalação, sem os projetos apresentados. Nós denunciamos juntos, porque queriam inaugurar sem habite-se, sem o negócio estar legal, regimental e seguro para vocês, para milhares de pessoas, para as famílias e para quem anda de ônibus. Nós denunciamos a burla, porque o empreendedor colocou aquele estacionamento, que seria um lucro para o empreendedor; isso não estava na licitação. E com a denúncia, hoje os estacionamentos estão na mão da Prefeitura, e pode ser a saída para subsidiar o trabalho de vocês. (Palmas.) E tem que ser! (Palmas.)

Nós pedimos, muitas vezes, nas reuniões - das quais muitos de vocês não participaram, mas as lideranças sim -, para a Verª Clênia, a Secretária, para o Secretário Bulling, que nós queríamos um recálculo do lucro do empreendedor lá dentro, porque ele está alugando vários espaços, e nós não sabemos quanto ele recebe. (Palmas.) Ele vendeu pontos, e todo mundo afirma, vendeu os pontos por 20 mil, por 30 mil, e ninguém tem esse controle. E esse recurso onde está?

Eu chamo a atenção dos Srs. Vereadores para o seguinte: sabem qual é a lógica perversa desse projeto social, entre aspas? É um investimento de 14 milhões, que pedem para quem pagar? Para os camelôs que sobreviviam quando estavam nas ruas. Vocês se dão conta disso?

Enquanto a Gerdau, por exemplo, recebe milhões em subsídios, como disse o Ver. Airto, aqui foi feito um projeto num lugar inadequado para vocês, onde não foi colocado nenhum recurso público, mas o empreendedor colocou 14 milhões para vocês pagarem a conta. Vocês que sobrevivem - e chamo a atenção dos Vereadores, se é justo -, hoje com dificuldade, antes sobreviviam quando estavam nas ruas. Vocês não enriqueciam na rua; vocês comiam, somente, e mal e mal levavam um pouco de dignidade para sua casa.

Como uma pessoa, hoje, na atividade de camelô - reduzida de povo, porque o povo não está lá, como estava na rua - vai pagar um empreendimento de 14 milhões, Ver. Toni? Não é real, não é possível.

Pergunto mais, para encerrar, desde quando alguém é obrigado a se filiar no sindicato? Eu não sou obrigada a me filiar no meu sindicato, que é o Simpa. E os camelôs são obrigados a se filiar no sindicato. Por quê? A sindicalização é livre! É ato livre de cada um.

Portanto, gente, o Camelódromo não vai dar certo nesse modelo que aí está, vai expulsar quem precisa de trabalho. E nós não vamos concordar, porque é uma concessão de uma área pública. E tem um sentido, o sentido social, para viabilizar a sobrevivência dos camelôs. Mas nesse modelo, não dá. Tem de ser subsidiado pelo Governo, subsidiado e investido pelo Governo. É isso que nós queremos! Obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisado pela oradora.)

 

(O Ver. Sebastião Melo assume a Presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Quero agradecer aos Vereadores Adeli Sell e Toni Proença que conduziram os trabalhos até o presente momento.

Cumprimento cada um dos senhores, das senhoras, e quero dizer que a Casa do Povo se sente muito honrada com a presença de todos vocês.

O Ver. João Antonio Dib está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Ver. Sebastião Melo; Sr. Presidente Juliano Fripp, meus senhores e minhas senhoras, há momentos em que a seriedade e a responsabilidade devem estar presentes.

Eu quero dizer que nós estamos vivendo um problema extremamente difícil, muito difícil. Não acho que seja tão fácil de resolver. Todos os discursos que ali foram feitos, com exceção do Ver. Toni Proença, que foi sensato, foram só discursos, porque a Câmara não tem como resolver o problema, ela pode participar da solução. E eu...

(Manifestação nas galerias.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Vereador, o seu tempo está assegurado. Eu faço um apelo para os nossos visitantes, quando um Vereador estiver fazendo a sua manifestação, que possa ser ouvido por todos. A democracia é custosa, mas é o caminho que o Brasil optou, e o contraditório é necessário em qualquer debate. Portanto, devolvo a palavra ao Ver. João Antonio Dib.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Eu não desejo contraditar ninguém, apenas eu desejo propor uma solução.

Eu tenho experiência bastante para poder dizer o que eu estou dizendo. É uma área pública, concedida à iniciativa privada, que construiu ali. Então, nós não podemos legislar nesta Câmara.

Agora, eu julgaria interessante que a Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor - com uma comissão dos detentores de bancas de camelódromo e juntamente com a Prefeitura - busque uma solução.

Não serão discursos aplaudidos nem discursos vaiados que vão resolver o problema. Nós temos que buscar uma solução com serenidade, a Comissão de Defesa do Consumidor, cinco ou seis integrantes da Associação, e o Executivo Municipal, e também, evidentemente, a empresa, porque ela patrocinou, ela gastou todos os recursos, a Prefeitura não entrou com nada, a não ser com o terreno.

Tem solução, sim! Mas tem de ser debatida, tem de ser discutida, tem de ser encontrada. Não esperem que os discursos feitos aqui vão ser transformados em lei, porque não tem como fazer. Tem até um Projeto de Lei isentando de pagamento por um ano. Não cabe fazê-lo, não tem sentido.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

(Manifestação nas galerias)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Senhores, quero ratificar o que eu disse antes, até porque a razão desta Casa são os senhores e todo o resto da população de Porto Alegre. Os senhores são sempre muito bem-vindos. Eu faço um pedido aos senhores que contribuam com a Mesa Diretora, porque há vários Vereadores inscritos, esta matéria não vai terminar hoje aqui, é o início de um grande debate que a Casa vai fazer, e nós temos de assegurar este debate na plenitude. Portanto eu faço este apelo para que os senhores nos ajudem, deixando que os Vereadores possam colocar as suas posições.

O Ver. Luiz Braz está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento, e para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Ver. Sebastião Melo; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, senhoras e senhores que vieram aqui para justamente tentar fazer um encaminhamento de uma solução a um problema que se arrasta ao longo dos tempos, eu quero saudá-los. Esta Casa existe exatamente para poder ser a intermediária entre as necessidades da população e o Poder Executivo, nós não podemos fugir a esta responsabilidade. Por isso mesmo acredito que todos os senhores estão no local adequado para fazer a discussão. A única contestação que faria é que esta Casa merece todo o respeito, todos os seus integrantes, nós temos que respeitar a população, temos esta obrigação como cidadãos. A população, quando vem a esta Casa, tem que vir aqui buscar a intermediação desta Casa, não pode vir aqui para maltratar pessoas, para desrespeitar pessoas porque, senão, nós, realmente perdemos o diálogo, e esta Casa perde a sua função. Não é isso que os senhores querem, nem é isso que nós queremos. Nós queremos que esta Casa esteja cada vez mais fortalecida, para que problemas como este que os senhores trazem aqui possam ser resolvidos da melhor maneira possível. Não sei, ainda, como é que vamos encaminhar o problema para que ele seja resolvido, mas existem muitos caminhos para serem trilhados.

Eu quero verificar aqui, Ver. João Dib, alguns desses caminhos. Por exemplo, lembro-me de quando surgiu a ideia do Camelódromo, nós acompanhamos uma comissão que foi até Belo Horizonte, lá se viu o que estava acontecendo, porque lá também, em um Governo que era comandado pelo PT, fazia-se a retirada dos camelôs da região central da cidade para colocá-los em vários pontos de venda. Nós verificamos lá que alguns desses pontos rendiam dividendos para aquelas pessoas que lá estavam, que foram transferidas para lá. Para outros, não; algumas pessoas que foram transferidas para lá estavam extremamente descontentes.

Eu acredito que aqui, no nosso Camelódromo, também há alguns comerciantes... Não sei quantos, precisaria haver um levantamento para saber da situação de cada um dos camelôs que ali estão, para saber onde estão situados e se alguns camelôs estão tendo sucesso em suas vendas. Se não houver ninguém que estiver tendo sucesso: fracasso total do Projeto. Se houver alguns com algum tipo de sucesso, tem que haver realmente essa verificação. Para que os senhores e as senhoras possam se fortalecer - eu, que acompanho os camelôs há muitos anos, já intervim em muitos problemas ligados aos camelôs, tentando fazer com que houvesse o equacionamento desses problemas -, nós precisamos vislumbrar, entre os camelôs, aqueles que querem fazer um bom trabalho e querem, realmente, ter sucesso em suas funções, porque esta Casa ...

 

(Manifestações nas galerias.)

 

O SR. LUIZ BRAZ: Todos querem! Claro que sim, claro que todos querem, mas não é justo, e eu sei, porque eu identifico algumas pessoas que assim agem, não é justo que nós tenhamos, em vez de camelôs - aqueles que prestam realmente o seu trabalho de vendas -, intermediários que locam e vendem as suas bancas. Isso não pode acontecer, e eu tenho certeza de que isso acontece dentro do Camelódromo. Para esses intermediários, eu não dou o meu apoio! Para esses intermediários ... (Palmas.) Eu sou oposição, porque, afinal de contas, eu tenho que prestigiar, eu tenho que dar todo o apoio, e esta Casa tem que dar todo o seu apoio para aqueles que são os verdadeiros camelôs! (Palmas.) Há pessoas que tem cinco, seis, sete, oito, nove bancas, como eu vi, muitas vezes, nas ruas, e a pessoa não ia trabalhar, ficava apenas explorando os outros que iam lá fazer a sua vez. Esses nós temos que tirar das ruas, esses nós temos que tirar! (Palmas.) Vamos proteger o verdadeiro camelô!

Então, eu quero que sentem à mesa de negociação, e faço questão de estar nesta mesa, mas quero que sentem, à mesa de negociação, os verdadeiros camelôs. Para esses verdadeiros camelôs nós vamos trabalhar e vamos batalhar muito, para que haja a isenção, para que haja apoio, para que haja incentivo, para que o Poder Público faça com que esses verdadeiros camelôs possam realmente ter sucesso em suas funções. (Palmas.) Os outros não, os outros têm que ser banidos! Eu estou dizendo isso, porque nunca agi com falsidade em nenhuma das minhas relações. Tenho muitos amigos no meio dos camelôs e faço questão de continuar tendo esses amigos, porque posso encarar todos eles, porque, afinal de contas, nossa relação sempre foi muito honesta, muito sincera, com todos os setores. Por isso mesmo, acho que esta Casa está realmente exercendo a sua função e pode exercê-la com muito mais força, com muito mais vigor. Nós podemos fazer uma comissão, nós podemos individualmente, inclusive, procurar o Secretário, mas eu acho que isso não daria força. Mas nós poderíamos, Ver. João Dib, quem sabe, fazer aqui uma grande comissão, uma comissão, Ver. Pedro Ruas, para analisar, quem sabe, o Projeto que está na Casa, para ver se é, realmente, este Projeto, para ver se nós temos outras maneiras de poder fazer esse tipo de encaminhamento. Mas o que eu pediria aos meus Pares, aos meus amigos é que nós possamos, em primeiro lugar, identificar os verdadeiros camelôs, para que esses possam receber todo o apoio desta Casa, porque é para isso que esta Casa existe. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Srs. Vereadores, nós estamos no período da Tribuna Popular, em que os Vereadores, pelas suas Bancadas, têm dois minutos para falar, mas também podem usar o tempo de Liderança. Logo em seguida, termina a Tribuna Popular, mas se os senhores quiserem continuar conosco, haverá vários outros pronunciamentos que poderão ser sobre esse tema ou não. Na Tribuna Popular, são dois minutos; se quiserem usar Liderança, são mais cinco minutos.

O Ver. Tarciso Flecha Negra está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento. (Palmas.)

 

O SR. TARCISO FLECHA NEGRA: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, senhoras e senhores camelôs, a minha linguagem é a linguagem de vocês. (Palmas.) Eu vou me aprofundar um pouquinho mais, por quê? Porque sábado pela manhã eu passo no Mercado e no Camelódromo. Antes eram os camelôs na volta do Mercado, onde eu tenho muitos amigos, como o Alemão, que está ali atrás, que é como um irmão para mim. Os camelôs são a continuação da minha família.

Então, tudo aqui foi dito, como a carência de um ano. Também não é só a carência de um ano, porque vocês vão ficar muitos e muitos anos ali. Eu tive o cuidado de ir lá atrás, pelas laterais, onde pouca gente vai. E o Alemão e outros amigos me pediram: “Tarciso, tem que haver um atrativo, para que o pessoal venha aqui também comprar, porque nós precisamos pagar o aluguel.” Então, o que eu tenho visto é que as pessoas chegam na parte da frente do Camelódromo e, como estão com pressa, compram e se mandam. E os que estão lá atrás ficam olhando. Vão chamar com um megafone? Não tem como. Então, esta é a minha preocupação. (Palmas.) E a bandeira da Bancada do PDT é esta: justiça social. Contem com este Vereador, contem com a nossa Bancada. Nós estamos aqui para lutar junto com vocês! Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Aldacir Oliboni está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pela oposição.

 

O SR. ALDACIR JOSÉ OLIBONI: Nobre Presidente, Ver. Sebastião Melo; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras; quero saudar o nosso Presidente, o Juliano, que aqui traz toda a entidade e, de modo especial, os cidadãos e cidadãs que estão aqui hoje em busca de uma solução com mais dignidade para as suas famílias.

Eu estava observando uns documentos que passaram, há pouco, no plenário, Ver. Haroldo de Souza, que diz que o PT teria votado a favor do Projeto de Lei. Vejam os senhores e as senhoras, na época em que foi trazido para a Câmara de Vereadores, o Projeto do Governo dizia o contrário do que está aqui. Aqui diz que não foram esclarecidos os altos valores de locação. No Projeto não tinham os valores de locação, no Projeto não tinha o reajuste que está se aproximando aí, para o mês de março, não dizia a forma do reajuste, e, agora, o Governo ameaça o reajuste no mês de março. O Governo tinha o compromisso de ter a padronização dos espaços, coisa que não cumpriu. O Governo disse que o público, que antigamente passava no entorno das bancas, passaria novamente com o acesso da construção da plataforma B, que não foi construída. Além disso, conforme o Projeto na Câmara Municipal, não havia nenhuma forma de discriminação com relação ao possível cancelamento ou à licença, que muitos cidadãos levantaram há pouco, em função de não ter pago essa taxa; já passaram a dizer: “Fora!”, o que não era permitido, quando aqui foi dito. Por essas razões, nós entendemos – como trouxe aqui o companheiro Toni Proença e demais Vereadores e Vereadoras – que não há como justificar a forma atual como o Governo está tratando vocês. E é oportuno que se crie, nesta Casa, não só a comissão, como foi sugerido pelo Braz, pelo Airto, pela Sofia, pelo Toni, mas que se crie poder de administração para aqueles que ali estão e não para a SMIC. Quem administra hoje, quem determina as regras é a SMIC e não os cidadãos que ali estão. Por essa razão, não tem como acessar a SMIC. Tanto é verdade que qualquer reclamação vai passar a vir para cá, porque a SMIC não abriu o diálogo com os cidadãos que aí estão, a não ser impondo determinações como, por exemplo, se não pagarem o aluguel, estão fora! (Manifestações nas galerias.) Eu creio que todos nós aqui temos a compreensão de perceber que, como Vereadores de Porto Alegre, temos o compromisso de fiscalização, mas, ao mesmo tempo, temos a responsabilidade da intermediação. E, ao perceber que a Cidade enfrenta um enorme problema social e que mais de 500 cidadãos hoje – isso é emprego, sim, porque aí está o sustento da família -, mais de 500 famílias ...

 

(Manifestação nas galerias.)

 

O SR. ALDACIR JOSÉ OLIBONI: Mais de 600 empregos – como diz o cidadão que está aqui no plenário - estariam sendo perdidos. E aí, então, nós diríamos o seguinte: o que é que o Governo Municipal está fazendo para amenizar a crise? Enquanto o Governo Federal adota políticas importantes - que não cabe aqui salientar, mas são muitas e importantes -, quais são as que o Governo Municipal está fazendo diante do enorme problema social como este, que por se tratar de uma Área de Interesse Social, não deveria ter taxas? Como existem muitas outras taxas amenizadas em Áreas de Interesse Social. Esta não é uma Área de Interesse Social? Claro que é! Claro que é! Por essa razão é de extrema importância que a Comissão implementada e criada nesta Casa possa viabilizar várias razões que poderão ser discutidas na Comissão e cobradas do Executivo. E uma delas é: o cidadão João vende mil reais numa semana, mas existe a Maria que vende dez reais, eles vão pagar a mesma coisa? Essa injustiça promovida pela privatização do espaço público não pode continuar. É preciso que se crie um mecanismo de isenção de tolerância e de dignidade às pessoas que aqui vieram buscar. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDNETE (Sebastião Melo): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, Ver. Sebastião Melo; Vereadoras, Vereadores, amigos – e eu posso dizer amigos, porque tenho alguns amigos na plateia -, amigas, eu gostaria que vocês entrassem agora no meu coração. É muito fácil chegar aqui e ir apenas para a crítica. Eu acho que o trabalho do Vereador é buscar a solução e, como disse o Ver. Aldacir Oliboni, fazer a intermediação. Mas se este Projeto tivesse dado certo, se este Projeto tivesse sido cumprido em todos os seus itens pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre, hoje, vocês poderiam estar aqui alegres, felizes, da mesma forma que eu espero encontrá-los, um dia, com alegria e felicidade, dentro do Camelódromo de Porto Alegre.

Agora, o que não dá é que este Projeto foi aprovado, sim, nesta Casa. O Juliano disse que nós somos pais do Projeto. Eu me considero um dos pais do Projeto e sou responsável por ele e, por ele, a Bancada do PMDB vai brigar, sim! Nós vamos intermediar, sim, os interesses de vocês. Agora, não vão nessa, não entrem nessa, porque o discurso feito para uma plateia bonita é muito fácil, gostoso e muito fácil de fazer. Eu tenho experiência em lidar com plateia, lido com público há 45 anos, eu sei que é gostoso falar, chegar aqui agora e cantar coisas malfeitas pela Prefeitura e serei aplaudido. Mas eu não quero, eu quero que vocês me aplaudam pelo que eu vou dizer a vocês: que nós temos que resolver o problema, sim. E eu já disse a alguns de vocês ali fora que estou procurando junto aos camelódromos de Belo Horizonte, Goiânia, Florianópolis, para que nós possamos moldar o trabalho para que vocês possam realmente atingir os seus objetivos, e a Prefeitura Municipal de Porto Alegre também, e depois os empreendedores. É preciso estender a mão, sim, àqueles que mais necessitam primeiramente, e depois vamos pensar nos empreendedores. Este panfleto que vocês entregaram aqui (Mostra panfleto.) já tem sugestões fantásticas. É assim que devemos trabalhar, pegar as sugestões de vocês e levar ao encontro do Prefeito Municipal, e não, simplesmente, chegar aqui e fazer terra arrasada do Projeto que foi aprovado quase por unanimidade por esta Casa. Espera aí! Eu aprovo um projeto com as melhores das boas intenções, quando se vota um projeto nesta Casa, com esta profundidade que tem, que são os camelôs de Porto Alegre, mas, gente, se o Executivo não cumpriu, se o Executivo deixou algumas falhas pelo caminho, vamos atrás recorrer e fazer com que essas falhas deixem de existir, e vocês possam atingir os seus objetivos. Porque não adianta, não vai me somar nada eu vir aqui e dizer a vocês que, peremptoriamente, a Prefeitura está faltando com isso e com aquilo, e, aí, vocês me aplaudem. E eu vou para o meu Gabinete e não vou fazer nada? Não, nós já estamos fazendo. Belo horizonte, por exemplo, cobra 224 reais incluindo aluguel e condomínio. (Manifestação das galerias.) Mais ou menos por aí a gente vai lá. É fácil eu tentar chegar à solução do problema, do que, simplesmente, usar isso aqui como palanque para arrumar um pouco de votos no ano que vem. Eu nem candidato sou, mas não vou fazer isso. Eu não faço isso, e vocês podem entrar na Internet, no TRE, e ver a minha sequência de votos: ela vai baixando, porque eu não faço política simplesmente por fazer, nem quando era oposição nesta Casa. Eu gosto das coisas claras e de trabalhar com as melhores das intenções possíveis.

Das sugestões que vocês trouxeram, quanto à publicidade, não foi feito nada ainda. Vamos estudar, vamos ver como podemos fazer esse negócio da publicidade render para vocês. Talvez com 5% ou 10% para os empreendedores, por que não? E se a publicidade já garantir a permanência de vocês lá, não é a solução? O Ver. Bernardino Vendruscolo, filiado ao PMDB, antes desse Projeto ser votado, e eu sou muito transparente, falei aqui neste plenário que ele pediu uma carência. O Ver. João Dib disse que não é possível, mas leis foram feitas para ser cumpridas, mas também para ser modificadas dentro da necessidade! (Palmas.) Para deixar bem claro, palavras do Ver. Luiz Braz: aos intermediários absolutamente nada; agora, para vocês, camelôs, vocês, senhoras e senhores, podem contar com a Bancada do PMDB! E não porque ela é do Prefeito José Fogaça, não; mas pela dignidade de cada um de nós, podem ter absoluta certeza disso! Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Mauro Pinheiro está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. MAURO PINHEIRO: Nosso Presidente da Casa, Ver. Sebastião Melo; representantes do Camelódromo, camelôs, Vereadores e Vereadoras, realmente, Ver. Haroldo de Souza, nós, Vereadores desta Casa, a grande maioria votou a favor do Camelódromo. Mas um camelódromo popular e não para arrecadar dinheiro para grandes investimentos, não para especulação financeira. E eu tenho dúvida se essa obra realmente foi feita para os camelôs ou para não dar certo e construir um grande empreendimento no Centro de Porto Alegre. Mas nós, Vereadores desta Casa, temos um compromisso com vocês e vamos trabalhar para fazer com que tudo dê certo. Eu acredito que a CEFOR, Ver. Airto Ferronato, poderia levar essa responsabilidade para lá e, junto com os camelôs, lutar para que dê certo. Eu li o manifesto de vocês, há muitas ideias boas que podem ser concretizadas. Garanto que não foi assim que foi feito, foram privilegiados alguns. Por que alguns estão na frente e outros estão no fundo? Como foi feito isso? Como foi feita a escolha? Os amigos do rei tiveram preferência. Não pode ser assim! Isso não está correto. Nós temos que discutir: esta é a Casa do Povo, é aqui que tem que ser discutido. E nós, representantes do povo, temos obrigação de estar junto com vocês para discutir. Sugiro que seja criada uma comissão de vocês, para vocês decidirem o que querem, com o apoio da Câmara de Vereadores.

Estou cansado de ouvir discurso de muitos em defesa do pequeno e do microempresário, mas na hora do vamos ver, é sempre para o grande empreendimento. Chegou a hora de defender o pequeno, o microempresário, que são vocês! Contem com a Bancada do Partido dos Trabalhadores, nós estaremos lado a lado com vocês, lutando pelas melhorias que vocês precisarem. E vamos fazer dar certo o Camelódromo. Um abraço a todos.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento, e para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, quero dizer com muita tranquilidade que todos estão autorizados a me vaiar, se necessário for, mas deixem eu colocar minhas posições, pelo menos por dois ou três minutos. Se discordarem, eu fico com todo o direito da mais estrondosa vaia que esta Casa já tenha ouvido, mas me deem dois ou três minutos. Até porque, para mim, seria muito fácil dar uma de Pôncio Pilatos e dizer: não tenho nada a ver com isso, não era Vereador quando foi votado esse Projeto; por conseguinte, não tenho nada a ver com isso. Mas seria uma posição ridícula da minha parte, porque eu tenho a ver com isso, sim. Tenho a ver porque eu sou Vereador da Cidade. Isso não é um problema só de vocês, não é só do empreendedor, só da Prefeitura; é de todos nós, especialmente para quem tem mandato popular. Por isso eu quero - e deixem os aplausos de lado - me somar àqueles que querem trabalhar no sentido de encontrar uma solução. Eu quero perder o discurso fácil e ganhar o trabalho difícil de percorrer um caminho na busca de uma solução, porque do jeito que está não deve ficar. (Palmas.) Ver. Braz, V. Exª é mais bem informado do que eu neste particular; pessoas estranhas ao processo têm que ficar de fora. Eu não tenho nada contra o grande empresário, o médio empresário, eu gosto das pessoas que trabalham, que produzem, e muitas delas às vezes não trabalham e nem produzem porque não têm onde trabalhar nem produzir. Provavelmente - não quero me antecipar -, nós estejamos diante dessa situação.

Agora, se foi feito todo esse trabalho no sentido de se fazer o Centro Popular de Compras, por que, na primeira dificuldade, nós - os responsáveis pela coisa pública em Porto Alegre - vamos fugir de enfrentá-la e não buscar uma solução? Tem de haver uma solução, e nós haveremos de encontrá-la! (Palmas.) Se, para tanto, houver a necessidade de alterações na Lei, vamos providenciar a alteração na Lei; se, para tanto, houver a necessidade de novas legislações, novas legislações terão que surgir. E, nesse sentido, eu quero me somar aos que já afirmaram nesse sentido, não contem comigo para fazer demagogia, exploração em cima das dificuldades de vocês! Não contem comigo! Eu sei falar bonito. Tenho experiência suficiente para dizer que sei falar bonito. Poderia vir aqui e dizer: “Assim não... Isenção para todos!” Vocês me aplaudiriam, mas não quero esse aplauso. Eu quero, sim, me encontrar com vocês, junto com o Ver. Haroldo, daqui a um tempo, e ouvir: “Bem, Pujol, os seus 30 anos de vida política em Porto Alegre não se desvirtuaram. Tu continuas trabalhando pelo que acreditas.” E eu acredito piamente que nós seremos capazes e responsáveis o suficiente para encontrar uma solução para o problema de vocês. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Dr. Raul está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. DR. RAUL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, todos vocês que estão aqui nessa situação difícil - senão, nem estariam aqui -, eu gostaria de trazer a solidariedade, mas não só a solidariedade, como também o empenho deste Vereador e da Bancada do PMDB. Nós queremos que o Camelódromo dê certo na Cidade, seja de que lado político nós estejamos, pois isso é bom para a Cidade, é bom para a circulação, é bom para a vida de cada um e de suas famílias. Então, nós temos, mais do que a nossa obrigação de chegar aqui como Vereadores e, mais do que fiscalizar, proporcionar a vocês, ao empreendimento, à Prefeitura que isso se resolva de uma maneira integrada e imediata, pois, pelo o que eu estou vendo, vocês estão precisando disso com urgência. (Palmas.) Então, nós temos que fazer imediatamente esse contraponto, esse encontro, e tirar soluções. Soluções existem, são claras e nós vamos atrás delas; estamos junto com vocês. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, em nome da Presidência da Casa, primeiro, eu quero dizer que esse problema não é enfrentado só pela cidade de Porto Alegre, mas também as médias e pequenas cidades o enfrentam, e principalmente as cidades grandes. Esse problema expressa um País que tem uma carga tributária muito grande e onde a informalidade é uma realidade. Muitas pessoas trabalham na informalidade e fazem, do seu dia, vendendo durante a manhã à noite, o sustento para levar comida à noite para si e para seus filhos. Eu quero dizer que essa matéria, envolvendo o Camelódromo, já vem sendo discutida há muito tempo aqui nesta Casa - não só na Legislatura passada nem somente no atual Governo. Eu lembro muito bem que isso foi muito discutido nos governos anteriores. Esta Casa, num determinado momento - e a votação foi unânime -, tomou uma decisão, a partir de um Projeto que veio do Executivo e que recebeu, sim, o apoio desta Casa. Eu vejo aqui vários caminhos a percorrer, mas eu acho que nós vamos conseguir, com todas as Lideranças... Eu vejo, por exemplo: “olha, vamos levar o assunto para a CEFOR, vamos levar o assunto para a CEDECONDH, vamos criar uma Comissão Especial”, o nome não interessa, ou quem sabe juntando tudo isso... Eu acho que a Casa tem que ter a tranquilidade, junto com vocês, Juliano, com o Governo, com o Prefeito Fogaça, que é um Prefeito de muito diálogo, junto com o Secretário da SMIC... O certo é que nós temos que trabalhar a partir de agora.

E eu quero dizer que a Presidência da Casa vai acatar a decisão encaminhada pelo Plenário, e vai ser a colaboradora número um para encontrar uma mediação. Eu acho que sempre há soluções, se houver vontade política de enfrentar os problemas, e eu tenho certeza absoluta de que nós teremos 36 Vereadores irmanados, porque esta causa aqui não tem oposição e não tem situação; aqui há um interesse da Cidade e das pessoas, e é nisso que nós vamos trabalhar.

 

A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Presidente, primeiro eu tinha encaminhado um pedido para a Comissão de Direitos Humanos, para que recebesse o pessoal do Camelódromo, em função da notificação que estão sofrendo alguns trabalhadores que não tiveram recursos para pagar os seus aluguéis abusivos. Portanto, estamos pedindo a suspensão das notificações e do constrangimento a que estão sendo submetidos esses trabalhadores, pela SMIC, enquanto não há resolução para este problema, que muito bem foi abordado hoje, nesta Casa, mas que, infelizmente, vem acarretando a situação dramática que vivem os camelôs no Camelódromo de Porto Alegre.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, era nesse sentido, deixando mais preciso: que a Câmara se manifeste, no conjunto dos seus líderes, no sentido de que o Governo faça a intermedição disso imediatamente, porque o clima de terror está estabelecido no Camelódromo. E nós, para termos esse tempo de discussão, e para encontrarmos soluções, precisamos de um prazo oficial, estabelecido pelo Prefeito, para que, em tanto tempo, durante as negociações dessa Comissão, ninguém vá mais sofrer notificação e pressão, senão nós não vamos mais chegar... (Palmas.)

Segundo, que a Casa faça, para não ser algo de oposição e situação, via a nossa DL, um projeto de lei que determine o uso dos recursos do estacionamento para subsidiar o Camelódromo, que seja um projeto de lei da Casa, Vereador-Presidente, porque como a Prefeitura assinou um TAC em função da separação dos estacionamentos, acho que nós teremos que autorizar o uso desses recursos para ficar algo legal e regimental. Senão o próprio Ministério Público não vai aceitar. E, sendo um movimento da Casa, tem a força de convencer o Prefeito. Obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Convido os Srs. Líderes de todos os Partidos a se aproximarem da Mesa.

 

(Pausa.)

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, o Camelódromo é um prédio público, e o Canal 16 tem mostrado, com muita frequência, os prédios públicos. O povo não conhece bem o Camelódromo. Nós podíamos fazer, à semelhança do que fazemos com o Mercado, com o Museu de Arte, uma apresentação frequente do Camelódromo para que as pessoas tomassem conhecimento da sua existência e para o que ele pode servir. (Palmas.)

 

(Manifestações nas galerias.)

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, eu queria comunicar que entrei em contato com o Secretário Idenir Cecchim, e já marcamos uma reunião da Bancada com ele para segunda-feira, depois do almoço, para tratarmos destas reivindicações. Obrigado. (Palmas.)

 

(Manifestações nas galerias.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Senhores e senhoras, eu peço atenção. A Casa, entre os vários compromissos que tem diariamente, na segunda-feira, sempre tem uma reunião de Mesa e Lideranças, que ocorre na sala da Presidência. A totalidade das 11 Bancadas da Casa combinou o seguinte: que esta matéria será o item número um da reunião de Mesa e Lideranças da próxima segunda-feira, às 10 horas da manhã. (Palmas.)

 

(Manifestações nas galerias.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Assumi também o compromisso, em nome de todos os demais Vereadores, de que, tão logo se encerre este período, da Tribuna Popular, eu vou falar com o Sr. Prefeito e com o Secretário Idenir Cecchim para que se sustem estas notificações ( Mostra as notificações.) até que haja uma conversa com os senhores.

(Manifestações nas galerias.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Nós vamos sugerir - sugerir - ao Prefeito, porque os Poderes são independentes, e nós respeitamos isso. O nosso papel é o papel do diálogo, da fiscalização, mas esse é o papel do Executivo. Nós vamos sugerir ao Prefeito, vamos deixar bem claro. Em relação à questão da luz, é a mesma coisa também; vamos sugerir.

Eu quero dar tranquilidade aos senhores, de que segunda-feira, após as 10 horas, nós estaremos ligando para o Juliano, dizendo se será uma comissão especial, se são os Líderes... E ainda na segunda-feira este grupo de trabalho vai sentar com os senhores para uma conversa. Está entendido. Muito obrigado.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h36min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo - 15h40min): Estão reabertos os trabalhos. Srs. Vereadores, atenção. Acabei de falar com a Prefeitura, acabei de falar com o Secretário e com o Prefeito, e estão suspensas as notificações a partir de agora. (Palmas.) Vamos conversar segunda-feira, mas eu queria dar essa notícia, e segunda-feira vamos voltar a conversar sobre o assunto.

A Verª Sofia Cavedon está com a palavra.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Presidente, os camelôs também estão informando que, para a obtenção do alvará na SMIC, têm que comprovar a associação ao Sindicato, e esse tema tem que entrar na pauta, porque é um escândalo! São 90 reais.

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Este assunto também estará na pauta de segunda-feira, Vereadora.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Muito obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Muito obrigado pela presença de todos.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, solicito verificação de quórum.

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Solicito abertura do painel eletrônico, para verificação de quórum, solicitada pelo Ver. Haroldo de Souza. (Pausa.) (Após o fechamento do painel eletrônico.) Oito Vereadores presentes. Não há quórum.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 15h45min.)

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